Conta a lenda indiana
que um homem transportava água todos os dias usando dois grandes
vasos, que prendia nas extremidades de um pedaço de madeira
atravessado nas costas.
Um vaso era mais velho
do que o outro e tinha pequenas rachaduras.
Casa vez que o homem
percorria o caminho até sua casa, metade da água se perdia.
Durante dois anos, o
homem fez o mesmo percurso.
O vaso mais jovem
estava sempre muito orgulhoso de seu desempenho e tinha certeza de
que estava à altura da missão para o qual havia sido criado,
enquanto o outro morria de vergonha por cumprir só a metade, mesmo
sabendo que aquelas rachaduras eram fruto de muito tempo de trabalho.
Estava tão
envergonhado que um dia, enquanto o homem se preparava para pegar
água no poço, decidiu conversar com ele:
Quero pedir desculpas,
já que, devido ao meu tempo de uso, você só consegue entregar
metade da minha carga e saciar a metade da sede que o espera em sua
casa.
O homem sorriu e lhe
disse:
Quando voltarmos, por
favor, olhe cuidadosamente o caminho.
Assim foi feito. E o
vaso notou que, do seu lado cresciam muitas flores e plantas.
Vê como a natureza é
mais bela do seu lado?
Sempre soube que você
tinha rachaduras e resolvi aproveitar-me desse fato.
Semeei hortaliças,
flores e legumes, e você as tem regado sempre.
Já recolhi rosas para
decorar minha casa, alimentei meus filhos com alface, couve e
cebolas.
Se você não fosse
como é, como poderia ter feito isso?
“Todos nós, em algum
momento, envelhecemos e passamos a ter outras qualidades.
È sempre possível
aproveitar cada uma dessas novas qualidades.”
Texto retirado da
revista da Folha de 09/06/00
Autor: Paulo Coelho.
Beijos meus amores e
até amanhã
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